Rede
GLOBO e FIESP querem justiça social?
Frei
Gilvander Moreira[1]
Na
Bíblia, há inúmeras passagens que alertam o povo contra os ataques dos falsos
profetas, dos lobos vestidos de cordeiros, dos falsos sacerdotes, dos
latifundiários (saduceus) e imperialistas (reis, Herodes etc). “Cuidado com o
fermento dos fariseus, dos saduceus e de Herodes (Marcos 8,15; Mateus 16,6)” e
“se a vossa justiça não superar a justiça dos fariseus, não entrareis no reino
dos céus (Mateus 5,20),” enfatizam os evangelhos.
“Diga
com quem tu andas e o que fazes que direi quem tu és”, diz um ditado popular.
Quem está liderando e insuflando a gritaria pró-impeachment da presidenta Dilma
e exigindo a prisão do ex-presidente Lula é a Rede gLOBO, a FIESP, o PSDB, o
DEM e vários outros integrantes da classe dominante. Representante gigante do
poder midiático, a rede gLOBO cresceu apoiando – e sendo beneficiada pela - a
ditadura militar-civil-empresarial de 1964 e está envolvida até o pescoço numa
mega-evasão de divisas no SUIÇALÃO e de evasão fiscal no próprio país (estimado
em mais de 600 milhões), sem contar as falcatruas envolvendo a CBF e a FIFA.
Líder do mega poder econômico no Brasil, a FIESP é a Federação das Indústrias
de São Paulo. Há 516 anos, no Brasil reina a exploração da classe trabalhadora
pela classe dominante de plantão em ciclos sucessivos: pau brasil, açúcar,
café, ouro, monoculturas do eucalipto, da soja, do capim, do agronegócio,
enfim. “Importa produz produtos primários para exportar”, praticam a classe no
poder. Somente nos últimos 14 anos, integrantes da classe trabalhadora
conquistaram vários direitos sociais. O PSDB e DEM querem retornar ao poder junto
com o PMDB, que está no poder há 30 anos.
A
corrupção é a febre de uma doença em crise aguda, que é o capitalismo e o
sistema do capital, que tem como regra violentar a dignidade humana e ecológica
de forma ampliada e sem limites. Quem dissemina a corrupção e a imoralidade no
tecido social é a TV gLOBO com Big Brother, novelas imorais e alardeamento de
violência e economicismo. A classe dominante furta (dizer ‘lucro’ é eufemismo)
e esfola a classe trabalhadora de forma impiedosa há 516 anos. Os banqueiros
nunca furtaram tanto como nos últimos 14 anos. A corrupção corresponde a 10% do
roubo, mas 90% do roubo é feito pelo sistema do capital. Por que os badaladores
do golpe não questionam o lucro excessivo das grandes empresas?
O PT
errou sim e muito, traindo seus princípios originários, mas ser justicializado
em “justiça de fariseus e de saduceus” não é aceitável. Até 2002, toda a
corrupção era empurrada para debaixo do tapete pelos governantes com a
cumplicidade da classe dominante. Foi com Lula e Dilma que o Ministério Público
e a Polícia Federal ganharam autonomia para investigar. Foi Dilma que sancionou
a lei das delações, o que está viabilizando investigar e punir corruptos e
corruptores. Mas por que não se investiga e condena todos os corruptos e
corruptores? Por que investigação seletiva, só à esquerda? Por que não
investiga o Aécio Neves, o PSDB em São Paulo, o Michel Temer, o Cunha, o Renan
Calheiros e tantos outros? Por que não se faz uma Auditoria cidadã das dívidas
pública e externa? Duas pedras e duas medidas não é justiça ética.
O
juiz Sérgio Moro está sendo parcial, tendencioso, inconstitucional e cometeu
várias ilegalidades chegando ao cúmulo de grampear telefones da Presidência da
República, cuja competência é do STF, pois a
Presidenta tem foro privilegiado. E se ele tiver gravado falas sobre assuntos
de segurança nacional? Fazer espetáculo midiático mandando conduzir
coercitivamente Lula para depor é se revelar testa de ferro da TV gLOBO e da
FIESP. Sérgio Moro está sendo construído pela rede gLOBO, PSDB e FISP para ser
Collor 2. Collor, em 1991, abriu as portas do Brasil para o neoliberalismo e
para as multinacionais, processo continuado por Fernando Henrique Cardoso, do
PSDB, com a privatização de mais de 170 empresas estatais, entre as quais a
Vale do Rio Doce, hoje rio azedado pela Vale/Samarco/BHP, que vem cometendo desde o dia 05 de novembro de 2015 o
maior crime humanitário-socioambiental da história da humanidade.
A
classe trabalhadora está indignada com a crise econômica, com a falta de
reforma agrária, de reforma urbana, com a perda de direitos trabalhistas,
sociais e ecológicos. Está também irada com o PT, com o PSDB e com toda a
classe política, com raras exceções, mas não aceitamos o golpe do capital,
midiático e com roupagem jurídica que está sendo insuflado. A Constituição e a
democracia precisam prevalecer. A vontade da maioria que elegeu nas urnas Dilma
para presidenta precisa ser respeitada, pois Dilma não cometeu crime de
responsabilidade.
O grave
atual momento histórico ensina que os movimentos sociais e populares, o povo
trabalhador organizado deste país que sempre esteve em marcha, nas ruas e na
luta, precisa com lutas coletivas intervir muito mais no judiciário, no
legislativo, no executivo, na opinião pública e em todas as formas de poderes
deste país, sobretudo no combate a Rede gLOBO e toda mídia que está a serviço
do capital. É urgente regatarmos a ética e a justiça social nas instituições e
nas relações humanas e ecológicas.
Enfim,
temos que ser contra o golpe do capital, golpe midiático, do poder econômico e
de enclaves capitalistas no judiciário. Alegam combate à corrupção, mas não
querem apenas o extermínio de Dilma, de Lula e do PT, desejam ardentemente reforçar
a Casa Grande e empurrar a classe trabalhadora (90% da população) para as novas
senzalas. Rede gLOBO e FIESP são lobos em pele de cordeiro. Feliz quem não
acreditar na manipulação e na incitação à violência que rede gLOBO, PSDB, FIESP e seus adeptos estão fazendo.
Belo Horizonte, MG, 18 de
março de 2016.
[1] Assessor da CPT, de CEBs, do CEBI e
do SAB; doutorando em Educação pela FAE/UFMG. Email: gilvanderufmg@gmail.com – www.freigilvander.blogspot.com.br
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