Filme
“Na missão, com Kadu”: do Palácio das Artes, em Belo Horizonte, a luta do povo
das Ocupações da Izidora torna-se mais viva na memória da vida de Kadu.
Um
clamor ensurdecedor por moradia, por direitos sociais, por respeito dignidade
humana e contra a repressão policial e contra o conluio dos governos com o
capital.
Dia
12 de agosto de 2016, à noite, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, MG, na
sala Humberto Mauro, superlotada, aconteceu a exibição do Filme-documentário
“Na missão, com Kadu”, dos cineastas Aiano Mineiro e Pedro Maia de Brito. Muita gente chorou durante a exibição. Ao
final, houve uma roda de conversa sobre o Filme “Na missão, com Kadu” e os
outros três curtas apresentados. “Na missão, com Kadu” foi gravado com o
próprio Kadu (Ricardo Freitas) quatro meses antes de ele ser assassinado dia
22/11/2015 em uma emboscada na entrada da Ocupação-comunidade Vitória, uma das
três ocupações da Izidora, em Belo Horizonte e Santa Luzia, MG.
O
filme foi construído a partir das gravações que Kadu fez durante repressão da
polícia Militar do estado de Minas Gerais[1]
a uma manifestação com mais de 2 mil pessoas que pacificamente marchavam na
Linha Verde (MG-010) rumo à Cidade Administrativa, sede do Governo de Minas, em
Belo Horizonte, MG, na manhã do dia 19 de junho de 2016.
O
filme mostra, sem ficção, realidade nua e crua da repressão perpetrada: durante mais de 30 minutos, a tropa de choque
e helicóptero da PM/MG jogaram bombas de gás lacrimogêneo no povo e atiraram
sem piedade. Mais de 90 pessoas foram feridas por tiros de balas de borracha e mais
de 40 foram presos, após serem feridos covardemente. Várias pessoas idosas e
crianças quase morreram sufocadas por gás lacrimogêneo no pânico disseminado
pela repressão policial. Uma das muitas bombas jogadas do helicóptero da PM/MG
caiu no colo de Alice, uma criança de 8 meses, que estava no carrinho de bebê.
Sua mãe puxou a criança do carrinho e a bomba estourou no chão ao cair do colo
de Alice. A frauda da criança ficou queimada pela bomba. A mãe saiu desesperada
com a criança sufocada pelo gás. Por um trisco a PM de MG não assassinou ali na
hora Alice, uma criança de 8 meses, filha de Gleiciane, da Ocupação Esperança.[2]
No
teatro superlotado todos foram unânimes ao dizer que os 25 desembargadores do
TJMG, da Corte Superior, devem assistir ao filme “Na missão, com Kadu”, antes
de julgarem o Mandado de Segurança. Todas as autoridades e toda a sociedade
também devem assistir ao filme. Infelizmente, a PM de MG continua truculenta inclusive
diante das legítimas reivindicações por direitos sociais como o direito a
moradia digna e adequada.
O
filme questiona com veemência a postura cruel da PM de MG e o governador
Fernando Pimentel, do PT, que autorizou ou deixou uma repressão absurda
ocorrer. Recordamos que as Ocupações da Izidora – Rosa Leão, Esperança e
Vitória – com cerca de 8 mil famílias já construíram em 3,3 anos de luta cerca
de 5 mil casas de alvenaria. Sobre os documentos da Granja Werneck pairam
sérios indícios de grilagem de terra, cadeia dominial falsa e escrituras
falsas. Além de uma decisão do STJ que proíbe o Estado de Minas fazer a
reintegração de posse, há uma Ação Civil Pública absurdamente não julgada há
mais de 3 anos.
Enfim, o filme “Na missão, com Kadu” decreta
mais uma vez que tentativa de despejos nas Ocupações da Izidora podem causar um
massacre de proporções inimagináveis. O filme é um apelo muito forte para que o
TJMG, a prefeitura de Belo Horizonte, Governo de Minas, Granja Werneck S.A e
Construtora Direcional de fato aceite um processo de negociação justa, idônea
se superar de forma justa e pacífica esse que é um dos maiores conflitos
fundiários e sociais do Brasil.
O
filme “Na missão, com Kadu” recebeu o prêmio do júri de Melhor Filme da
Competitiva Nacional e também o prêmio do público como o Melhor Filme pelo Júri
Popular.
Assinam
essa Nota Pública,
Comissão
Pastoral da Terra (CPT),
Brigadas
Populares
Movimento
de luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB)
Coletivo
Margarida Alves de Assessoria Popular
Coordenações
das Ocupações-comunidades Vitória, Esperança e Rosa Leão.
Belo
Horizonte, MG, Brasil, 17 de agosto de 2016
Cf.
também www.ocupacaorosaleao.blogspot.com.br
[1] Assista nos links, a
seguir, relatos da Repressão da PM de MG ao povo das Ocupações da Izidora, dia
19/06/2015, na Linha Verde, farta documentação: 1) https://www.youtube.com/watch?v=NdpD6tSFWf0
; 2) https://www.youtube.com/watch?v=yqQbeLhQsqI
; 3) https://www.youtube.com/watch?v=NfjCT_j3vV4
; 4) https://www.youtube.com/watch?v=zV2m9div_Ew
; 5) https://www.youtube.com/watch?v=90ILR2iDum0
; 6) https://www.youtube.com/watch?v=Cqf4oCKqlCk
; 7) https://www.youtube.com/watch?v=T1qSJdJRjz4
; 8) https://www.youtube.com/watch?v=k0j3f9BMw0E
; 9) https://www.youtube.com/watch?v=mZtliYBM8J0
; 10) https://www.youtube.com/watch?v=FvHGISUt17M
; 11) https://www.youtube.com/watch?v=LlHwqtUFMuY
; 12) https://www.youtube.com/watch?v=IblH2rRw5sE
13) https://www.youtube.com/watch?v=5NqMyRVflNU
; 14)
[2] Cf. no link, a
seguir, relato da mãe de Alice e da irmãzinha dela: PM joga bomba em crianças e
quase mata uma criança: https://www.youtube.com/watch?v=VYUPMom2c1U
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