Denúncia
urgente: PM/MG ameaça 13ª reintegração de posse contra as 100 famílias
camponesas da Baixa Funda!
Manga, Norte de MG, 15 de Dezembro de 2014.
O juízo da Vara Agrária de Minas Gerais
emitiu mais uma covarde decisão contra mais de 100 famílias camponesas da Baixa Funda, Ocupação da Fazenda Marilândia,
no município de Manga, no Norte de Minas Gerais, ordenando a desocupação da
área, destruição dos barracos e das roças cuidadas com tanto trabalho, suor,
sacrifícios e esperanças pelos camponeses!
Um ano atrás, em dezembro de 2013,
enfrentamos as mesmas ameaças e em 1º de abril desse ano as famílias foram
retiradas das terras numa operação da PM/MG. Logo após a saída da PM da região,
Aulus, filho do latifundiário, junto com capangas, ateou fogo em 8 barracos de
famílias da área, destruindo pertences e mantimentos, ameaçando e intimidando
os camponeses. Nenhuma providência foi tomada contra esses crimes!
Durante a 748º reunião da “Comissão Nacional
de Combate à Violência no Campo”, realizada em 20 de novembro de 2014, onde
denunciamos a omissão do Estado no assassinato de Cleomar, após inúmeras
denúncias. O superintendente do INCRA-MG, Danilo Araújo, se comprometeu a
buscar solução para acabar com o impasse, manifestando que iria procurar o
latifundiário Thales para negociar.
Agora no dia 2 de dezembro de 2014 foi
realizada nova reunião do “Comitê de Crise” para discutir a desocupação da
área. Os representantes dos órgãos responsáveis pela “reforma agrária” não
compareceram, e a PM de MG de forma arbitrária afirmou inclusive em Ofício que
cumprirá a ordem de reintegração de posse no dia 16 de dezembro de 2014,
próxima 3ª feira.
Esse é
o presente de natal, presente de grego, destinado aos camponeses que lutam pelo
direito à terra: repressão e despejo! A tensão é
grande na área e na cidade de Manga. Tensão causada pelo latifundiário e suas
ameaças. Tensão causada pela omissão do INCRA e do governo federal que não
desapropriou a fazenda Marilândia. Tensão causada pela omissão do governo
estadual que não resgatou as terras devolutas griladas há muito tempo. Há
fortes indícios de que a maior parte da
Fazenda Marilândia seja terras griladas. Tensão causada pela decisão covarde do
juízo da Vara Agrária de MG.
PROFESSORA GILVÂNIA SILVA CARVALHO, APOIADORA DA LUTA CAMPONESA
EM MANGA, FOI AMEAÇADA DE MORTE A MONTA DE LATIFUNDIÁRIOS.
A professora Gilvânia Silva Carvalho,
vice-diretora do CAIC, recebeu ameaças de morte na última semana para que se afastasse
da luta das famílias das ocupações da Baixa Funda. Gilvânia está sendo ameaçada
por defender a justa luta dos camponeses da Baixa Funda que há mais de 17 anos
reivindicam as terras onde plantam e produzem.
A companheira é professora há mais de 20 anos
na cidade, foi presidente do SindManga e sempre foi comprometida com a causa do
povo da cidade, dos camponeses e demais trabalhadores. Há mais de 12 anos atua
na CPT (Comissão Pastoral da Terra) de Manga apoiando e defendendo a luta
camponesa, e fazendo amplas campanhas de denúncia de todos os crimes cometidos
contra os camponeses.
Gilvânia afirmou que “se acham que com ameaças vão me intimidar, estão enganados, sigo mais
forte que nunca”. O agravamento do conflito na região é confirmado pelo
covarde e brutal assassinato, em 22 de outubro último, do coordenador político
da Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas e Sul da Bahia, Cleomar Rodrigues de Almeida. São
ameaças, ataques, perseguições e assassinatos contra os camponeses.
Convocamos todas as pessoas honestas e de boa
vontade, todos os movimentos, entidades e organizações que apoiam a luta pela
terra a se posicionarem diante de mais essa ameaça.
Nossa luta é justa. São 17 anos de luta, trabalho
duro, vivendo com dignidade e respeito, cuidando de seus animais e criações,
comercializando a produção das roças, galinhas e porcos, no comércio da cidade
de Manga e região. Defendemos a posse das famílias da Baixa Funda!
Exigimos
a imediata suspensão da ordem de reintegração contra as famílias camponesas da
Baixa Funda! Exigimos a imediata desapropriação da fazenda Marilândia!
Assinam
essa Nota Pública,
Mais de 100 famílias camponesas das Ocupações da
Baixa Funda,
Liga dos camponeses pobres do Norte de Minas e Sul
da Bahia
Comissão Pastoral da Terra (CPT)
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